O NOVO VIXE BEAT DE BETO EHONG

mundioca
9 de set.
2 min de leitura

O EP Vixe Beat nasce como um retrato sonoro de raízes e caminhos. São seis faixas autorais, todas produzidas por Beto Ehong, dividindo a produção com Jotanubeat que ajuda a abrir novos horizontes. E o disco também pulsa com a força de outras coletividades: as vozes femininas de Ross e Val Cor emprestam camadas de sensibilidade e força, enquanto as cordas de Lucilo Muirax, a percussão visceral de Dark Brandão, o sax de Caio correia e o bass de Jesiel Bives criam uma espinha dorsal que conecta passado e presente.

Mais que um repertório, o Vixe Beat é uma travessia. Cada faixa é como um barco que parte do cais de São Luís e atravessa mares de influências: do reggae jamaicano, as radiolas maranhenses, do rap urbano às cadências de tambores ancestrais, o funk e suas atribuições, das orações populares às poesias de rua. É um mosaico sonoro onde o moderno não rompe com o antigo, mas se curva em respeito e diálogo, como quem dança ao redor da fogueira dos mais velhos.

O EP é também um gesto de identidade. O "vixe" do título não é apenas uma interjeição nordestina, é um grito de surpresa e reconhecimento, aquele instante em que a batida encontra a memória e acende algo profundo em quem ouve. Já o "beat" é a espinha rítmica que traduz esse espanto em movimento, fazendo corpo e espírito vibrarem juntos.

Em Vixe Beat, os arranjos dialogam como se fossem conversas no meio da rua: a percussão responde às cordas, as vozes atravessam os beats, o eletrônico se mistura ao orgânico. É um disco moderno, mas enraizado no Brasil profundo e no Maranhão encantado, onde cada tambor ecoa como reza e cada verso como testemunho.

No fim, ouvir esse EP é como caminhar por São Luís numa noite quente: o cheiro de maresia, o batuque que vem da esquina, a rima que brota de improviso, os ecos de ancestralidade que sopram junto com o vento. É música feita para o agora, mas que sabe de onde veio.